Gosto muito de ler os
livros de Moacyr Scliar. Já disse isso neste blog num texto ou noutro. Quando
comecei a ler Os Voluntários, entretanto, fiquei com a sensação de que se tratava
de um livro menor. Não que fosse mal escrito, longe disso. Mas ele, de início,
não me arrebatou. Parecia algo muito simples, muito básico. Aos poucos, porém,
fui percebendo que a beleza do texto estava, exatamente, nesta simplicidade, na
ausência de rebuscamento da linguagem. E percebi que isto era fundamental para
se contar uma história em que os personagens são absolutamente normais, ou
seja, desprovidos de qualquer brilho ou carisma, como a maior parte das
pessoas.
Nesta simplicidade e na
falta de carisma é que reside a beleza do texto, aliás. Esta falta de brilho é
que ressalta a importância de cada personagem, importância que eles têm pra si
mesmos e para as poucas pessoas que as cercam, embora não consigam perceber
isso.
As personagens do
livro, além disso, são pessoas fracassadas, sem muita esperança de que aconteça
alguma coisa importante em suas vidas, além daquelas que, a princípio,
acreditam ser determinadas como parte de seu destino. Por isso mesmo, ler o
livro, dá uma certa melancolia, não um mal estar, mas uma tristeza boa que,
curiosamente, ao comparar a nossa vida às das personagens, faz a gente se
sentir mais confiante nas nossas próprias esperanças.