Gosto muito do
jornalista José Trajano. A primeira vez que o vi foi no programa Cartão Verde,
da TV Cultura, há vinte anos, no qual participava ao lado de Juca Kfoury,
programa que existe até hoje, pelo que sei. Logo em seguida, comecei a
acompanhar o canal de esportes ESPN, na época da TVA, quando começavam a surgir
os primeiros canais a cabo no Brasil. Trajano foi seu criador e grande condutor
durante muitos anos, até se aposentar da função de diretor de jornalismo da
emissora. Hoje, participa de alguns programas como comentarista. Não por acaso,
a ESPN é o canal de esportes que gosto mais de assistir. Digo esporte como uma
maneira de falar, já que do que eu gosto mesmo é de futebol, embora tenha algum
interesse em assistir jogos de volei e de tênis, contanto que sejam femininos,
como já expliquei num outro texto aqui.
A preferência pela ESPN
tem muito a ver com minha maneira de apreciar futebol, já que me agrada muito
mais assistir aos jogos do que torcer por um time. Tenho meu time de
preferência, o São Paulo Futebol Clube, que eu herdei de meu pai que por sua
vez herdou de meu avô. Naquela época era assim e pronto. O que me importa,
porém, é que o meu time jogue bem, mais do que vença. Na verdade, entre ele
vancer jogando feio ou roubado, ou empatar jogando bonito, prefiro a segunda
opção. Por isso mesmo, por gostar tanto de ver um bom jogo de futebol, me é
quase indiferente se o jogo é do São Paulo ou de algum outro time. Tanto é que
não tive nenhuma dúvida entre assistir ao jogo do Real Madrid e Barcelona, dias
atrás, ou a São Paulo e Penapolense que passava no mesmo horário.
O que me atrai na
programação da ESPN é o fato de a maioria dos comentaristas enxergar o futebol
da mesma maneira que eu enxergo e, também, de não cansar de denunciar todas as
mamatas que o futebol contempla, seja no Brasil, seja no mundo, através das
venais FIFA e CBF. Era só na ESPN que podíamos ouvir seus comentariastas
criticando a realização da Copa do Mundo no Brasil, já antevendo a farra que
aconteceria com dinheiro público, enquanto as demais emissoras, capitaneadas
pela Rede Globo, teciam loas ao evento. Hoje, virou moda criticar o que está
acontecendo, mas foi só na ESPN que ouvíamos este discurso há 7 anos, quando o
Brasil foi escolhido. Sobre isso, é imprescindível a forma combativa com que jornalistas
como Juca Kfoury, Mauro Cesar Pereira e Lúcio de Castro, incessantemente
denunciam e criticam as mazelas do nobre esporte bretão, sem perder a paixão
que ele nos suscita. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
Como se não bastasse a
combatividade, temos no canal uma seleção de craques no que se refere aos
comentários técnicos e táticos, com clareza e conhecimento de causa, como Paulo
Vinícius Coelho, Paulo Calçade e o surpreendente Juan Pablo Sorin, craque fora
e, outrora, dentro de campo. E tudo isso só foi possível se construir devido ao
empenho de José Trajano.
E não é que ele
surpreende, mais uma vez, lançando um romance delicioso? O livro chama-se
Procurando Mônica. Absolutamente autobiográfica, a história conta um caso de
amor, entre impossível e platônico, iniciado na adolescência e latente durante
a vida toda do jornalista. De forma leve, o texto que eu devorei em menos de 24
horas nos faz perceber que até os amores não correspondidos podem ser
aproveitados e que a não correspondência não precisa, necessariamente, desaguar
para o drama rasgado. Não falo mais nada sobre o livro para não entregar o
final. Mais um golaço de um craque.