Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Filho de peixe

Sou obrigado a confessar que sempre tive má vontade para ler o que escrevia Antonio Prata. O principal motivo era o fato de ele escrever na revista Capricho para um público adolescente, na época em que a Cecília fazia parte deste público. A outra razão é o fato dele ser filho de Mário Prata, um escritor de quem eu gosto muito de ler as crônicas. E, nesse caso, aliado à má vontade, há o preconceito de pensar que a carreira do filho possa estar atrelada ao reconhecimento que tem o pai e, com isso, as portas das editoras se abrirem mais facilmente.
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Por felicidade, tenho a consiência de que todo e qualquer preconceito é fruto de ignorância e, embora isso não possa evitar que os tenha (como todos nós), essa consciência foi capaz de permitir que eu folheasse o livro Meio Intelectual, Meio de Esquerda, certa tarde de um sábado em que eu estava à toa na livraria da Vila em Campinas. Comecei a ler as crônicas e fui tomado de assalto ao perceber como seu texto é ágil, divertido e inteligente.  Não posso negar que fui seduzido, também, pelo título do livro, expressão tirada de um dos textos, chamado Bar ruim é lindo, bicho.
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A maior parte do livro é composta de textos publicados no Estadão entre 2004 e 2010. Li, praticamente, num dia, numa viagem entre Campinas e Belo Horizonte, metade na ida, metade na volta. Cada texto me fazia querer ler mais e, conforme o livro terminava, ia sentindo certa angústia de perceber que iria acabar e por saber que eu não tenho a menor intenção de começar a ler o Estadão, onde nem mesmo sei se ele ainda escreve. Esta sensação arrefeceu, um pouco, quando cheguei em casa e ao comentar sobre isso, a Clélia me mostrou que temos outros 3 livros dele, comprados por ela, o que eu nem sabia. Deu pra respirar aliviado por dois motivos: vou poder ler mais coisas de Antonio Prata e fica reforçada a minha convicção de que todo preconceito é sinônimo de burrice.

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