Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

sábado, 27 de janeiro de 2007

Sanfoneiro pai d’égua

Como quase todo o resto da humanidade, sou grande fã de Chico Buarque. Há, entretanto, 3 ou 4 músicas dele que eu não gosto de ouvir. E a que eu menos gosto é A banda. Não é por nada. A melodia é simples, bem singela. A letra até que é bem elaborada, principalmente se considerarmos a idade dele quando a compôs. Mas, talvez por tê-la ouvido muito ao longo de tantos anos, talvez pela comparação com suas obras posteriores, muito mais complexas e ricas, tenho muita má vontade com esta canção, a ponto de mudar a estação do rádio ou pular a faixa do CD, sempre que ela toca.

E não é que consegui encontrar uma gravação desta música de que gostei!



Comecei a ouvir a introdução, num arranjo diferente, com flauta, piano e sanfona e achei ótimo. E melhorou ainda mais, quando o cantor começou. Tudo graças ao sanfoneiro Dominguinhos.

A gravação faz parte de um dos 8 CDs do Songbook de Chico Buarque, da gravadora Lumiar, a mesma que editou os livros com partituras e cifras.

O arranjo do pianista Leandro Braga é primoroso e faz com que o piano, em conjunto com a flauta de Andrea Ernest Dias, pareçam uma banda de pífaros. Esse conjunto, unido à excelente sanfona de Dominguinhos, produz um resultado delicioso.

Dominguinhos é meu sanfoneiro favorito. Pode não ter a versatilidade de Oswaldinho do Acordeon e nem a criatividade de Sivuca. Também não tem, evidentemente, o carisma de Luiz Gonzaga, mas aí já estamos falando do rei do baião. Seria covardia, a comparação. Mas Dominguinhos tem uma voz muito bonita e uma simplicidade na execução do instrumento que me comovem, fã que sou das formas mais simples de expressão de arte.

Além de tudo, é um compositor de muita qualidade, autor de clássicos como Abri a porta, Lamento sertanejo (com Gilberto Gil), De volta pro aconchego, Gostoso demais (com Nando Cordel), Eu só quero um xodó, Tenho sede (com Anastácia), Isso aqui tá bom demais, Tantas palavras (com Chico Buarque), entre muitas outras músicas.

Só mesmo ele, pra me fazer gostar de ouvir A banda.

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